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É fácil matar?


   Pergunta um pouco sugestiva, não acham? Pois bem, no título da obra da Rainha do Crime, Agatha Christie esta frase não é uma pergunta e sim, uma afirmação.
   Durante o livro há diálogos em que muitas vezes, os personagens se fazem esta pergunta: "É fácil matar?", talvez você inocente leitor que nunca viu sequer um atropelamento de um rato no trânsito pode achar que matar, de fato pode ser algo bem difícil, mas lendo este livro sua opinião vai mudar - tenho certeza disso.
   Então, vamos à história Tudo começa quando um ex-policial aposentado chamado Luke Fitzwillian, senta-se ao lado de uma senhora do trem, que se chama sra. Pinkerton. A tal senhora estava disposta a ir até a Scotland Yard - para quem não sabe a Scotland Yard é a sede central ou o quartel general da polícia Metropolitana de Londres - para realizar uma denúncia contra um assassino em série que vivia nas bandas de Wychwood-under-Ashe, região no qual a sra. também habitava. Ela disse que precisava impedir que mais um assassinato acontecesse. Luke não acreditou em nada que a sra. disse, ele simplesmente achou que ela estava sofrendo daqueles problemas que muitos idosos sofrem - de inventar coisas sem cabimento.
   Num certo dia, Luke lê o jornal e descobre que a sra. Pinkerton havia sido atropelada, logo depois que ela havia desembarcado do trem. E a pessoa que ela havia citado que corria perigo, também estava havia falecido. Foi nesse exato momento que Luke sentiu que havia algo estranho. Sim, havia um assassino em série Wychwood e ele iria desvendar sua identidade.
   Luke vai para a casa onde mora a prima de um amigo seu - a Bridget, uma jovem esperta e bonita que era funcionária, mas em breve futura esposa de Lord Whitfield. Lord no qual era um senhor velho, barrigudo, que se vangloriava por ter vindo de uma família pobre e com o esforço de seu trabalho se tornou alguém extremamente rico, dono de praticamente todas as propriedades daquela cidade.
   História vai e história vem, Luke começa a fazer sua investigação. É importante abrirmos um pequeno parenteses na nossa história, comparando a personalidade do nosso ex-policial Luke com os outros detetives da Rainha do Crime, tais como Hercule Poirot e Miss Marple. Luke é um personagem que não tem muita cautela em suas investigações, na verdade, ele se arriscava muito em seus questionamentos. E não se preocupava nem um pouco se estava correndo risco de vida ou se estava revelando seus segredos para a pessoa errada.
   Já Hercule Poirot e Miss Marple traziam dentro de si um profundo conhecimento da natureza humana, onde não eram necessários grandes interrogatórios. Um olhar, uma dedução, uma ligação de pequenos indícios eram capazes de fazer com que estes dois mitos descobrissem o criminoso.
É importante nós delinearmos a personalidade destes personagens para você, que irá ler a história pela primeira vez, entenda que o texto é escrito de forma bem diferente, pois se tratam de personagens distintos.
   Mesmo estando rodeado de mortes e assassinatos, a obra traz um tom de comédia, principalmente em algumas frases de Luke e da própria Bridget. Nesse processo todo de descobrir o autor dos assassinatos, o ex-policial se apaixona pela jovem Bridget, que lhe corresponde, mesmo de um jeito estranho e diferente dos habituais - o que torna a história uma das mais incríveis da Agatha Christie que já li. E o assassino claro, é uma das pessoas mais improváveis do mundo que eu não irei contar, pois tenho plena confiança que você irá ler muito em breve.
   Fiz questão de separar alguns trechos nos quais achei profundamente ricos de genialidade, algo totalmente Agatha Christie de ser:

"Sr. Abbot: Possíveis indícios contra ele. (Sinto que um advogado é definitivamente uma pessoa suspeita. Possivelmente preconceito.) Sua personalidade, vistosa, cordial, etc., com certeza seria suspeito num livro - sempre suspeite de homens cordiais e sem cerimônias. Objeção: isto não é um livro e sim a vida real." 

"'Sempre achei que alguns assassinatos em série seriam benefícios à comunidade - disse Luke - Um chato do clube, por exemplo, deveria ser exterminado com um conhaque envenenado.' "

"O bom e velho sentimentalismo vindo à tona de novo, pensou Luke. O macho protetor! Florescendo na era vitoriana, fortalecendo-se na eduardiana e ainda mostrando sinais de vida, a despeito do que o nosso amigo Lord Whitfield chamaria de correria violenta da vida moderna!"

"'Meu caro companheiro! A sanidade é a mais inacreditável das chatices. É preciso ser louco ... deliciosamente louco ... pervertido ... ligeiramente depravado ... aí você vê a vida sob um ângulo novo e arrebatador.'"

"'Elementar, meu caro Watson.'" (fazendo uma referência à Sherlock Holmes).

" 'Você quer casar comigo?' , 'Quero.', 'Por que você mudou de ideia?', 'Eu não sei. Você me diz coisas tão monstruosas, mas parece que eu gosto.'"

" 'Todo o homem deveria ter tias. Elas ilustram o triunfo da intuição sobre a lógica. É reservado às tias saber que o sr. A é um trapaceiro porque se parece com um mordomo desonesto que tiveram certa vez.'"

 "'Gostar é mais importante do que amar. É o que dura. Quero que dure o que existe entre nós, Luke. '"

   Li esta obra na edição de bolso da LP&M Pocket, edição na qual tenho vários livros na minha coleção da Agatha Christie.
   Se eu recomendo esta obra? Obviamente que sim!

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