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"Este livro sou eu"


   E então meus caros leitores? Fazia um bom tempo que não destinava minhas postagens a resenhas deveras interessantes. Motivo: fiquei empacada uns bons dias lendo as Memórias Póstumas de Brás Cubas e a causa, motivo, razão e circunstância vocês irão entender agora.

   O porquê da leitura: Estava eu em minhas aventuranças literárias na Internet e eis que de repente me deparo com esta página: Se você fosse um livro, qual seria? (para você fazer o teste clique AQUI) e o resultado resultado foi: Você é o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis. E por esta razão resolvi deixar por um instante o desafio dos 50 livros, as metas literárias à parte e embarcar de vez na história que assim como indica o teste "sou eu".
Imaginem minha reação ao saber: "Memórias Póstumas de Brás Cubas, what???"
   Primeiramente gostaria de deixar este questionamento em aberto: como escrever uma resenha sobre uma obra de Machado de Assis? Me sinto tão indigna para isso, diante de uma genialidade e um conhecimento tão vasto que, com certeza, dedicarei uma semana na elaboração deste texto (e não me julguem pela demora, pois me sinto uma espécie de feto no mundo da literatura). 
   Memórias Póstumas de Brás Cubas tem um título bem sugestivo, pois se trata de memórias escritas por uma pessoa que já morreu, ou seja, nosso querido Brás Cubas. O mais interessante da obra é que realmente você se sente dentro dela, pois o personagem faz uma espécie de diálogo com o leitor. 
   Brás Cubas, após a morte, conta sua própria história, desde a infância, onde era conhecido por ser um menino muito travesso, sua relação com a família e principalmente sua vida adulta. Os romances em que esteve envolvido sempre eram tratados de uma forma intensa. Primeiramente, foi apaixonado pela prostituta Marcela, onde ele foi capaz de gastar grandes quantias em dinheiro para comprar jóias para a moça.
   Depois de um tempo, quase se apaixonou pela jovem Eugênia e só não se levou inteiramente por aquele "princípio de sentimento" porque ela era considerada coxa - ou seja, mancava de uma perna. O que me deixou um pouco chocada, porque, por mais que ele dissesse que gostava muito dela, ele não poderia se relacionar com alguém que tinha aquela dificuldade - deveras preconceituoso. Ele também foi amante de Virgília, uma mulher casada com seu amigo Lobo Neves, durante longos anos.
  A vida do herói Brás Cubas, não foi a mais correta nem a mais coerente. Ele não poderia ser considerado um modelo a ser seguido, mas também não poderia ser considerado um a não ser. 
   Machado de Assis consegue colocar em seu texto ironias, críticas à sociedade, comparações com grandes clássicos da literatura mundial e talvez tenha sido por isso, que esta obra se tornou um grande clássico da literatura brasileira.
   Eu nunca havia terminado de ler uma obra de Machado de Assis em toda a minha vida. Esta foi a primeira vez e me envergonho muito de não ter feito isto antes. A leitura é complicada para aqueles que estão acostumados a ler livros ingleses, assim como eu, mas não é nada impossível, pois depois de um certo tempo junto do livro, você não sente que a linguagem difícil seja um impedimento.
   Brás Cubas foi um homem que não fui capaz de decifrar se de fato foi feliz ou não. Ele vivia em plena confusão mental, poderia considerá-lo um bipolar. Um de seus momentos confusos, por exemplo, foi este que encontramos no primeiro parágrafo do capítulo LXXI:

"Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e ,realmente, expedir alguns magros capítulos para este mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica"
   Ou seja, podemos notar claramente a mudança de opinião que ocorre ao percorrer da obra. Mas como se trata de toda a vida de uma pessoa, não é nada assustador ver estas mudanças de opinião. Afinal, ao longo da nossa vida, quantas vezes prometemos nunca fazer algo, mas passado alguns anos fazemos? E deve ser por isso que segundo o teste, se eu fosse um livro eu seria  Memórias Póstumas de Brás Cubas, pois sou uma menina que muda de opinião cotidianamente e que está sempre nos limites de ser feliz ou ser infeliz

   A edição que li é da L&M Pocket, com notas explicativas sobre as citações feitas por Machado de Assis - o que me fez entender melhor o panorama tratado - além de um pequena biografia do autor. 
   E agora vamos para a pergunta de praxe: Se eu recomendo esta obra? Primeiro, vamos levantar alguns requisitos:
  • Se você realmente está com vontade de ler um livro do Machado de Assis
  • Se você está realmente disposto a ouvir uma história contada por um defunto
  • Se você quer dar boas risadas com um texto demasiadamente irônico
  • Se você quer ampliar seu conhecimento em literatura mundial
Se você se encaixa em pelo menos três destes requisitos, obviamente recomendo esta obra

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